O dia já estava ao meio quando ela chegou do cursinho. Subiu
as escadas devagar para não agravar as cólicas. Ela tinha um ouriço de quatro
quilos dançando frevo em seu útero. Isso era uma convicção.
Fazia calor. Ela entrou no quarto, tirou toda a roupa, abriu a janela e se deitou. Pela janela ela via o céu: muito azul com nuvens se fazendo e desfazendo rapidamente, pássaros voando e uma luz muito agradável. Sentiu paz. Divagou, quase dormiu.
Fazia calor. Ela entrou no quarto, tirou toda a roupa, abriu a janela e se deitou. Pela janela ela via o céu: muito azul com nuvens se fazendo e desfazendo rapidamente, pássaros voando e uma luz muito agradável. Sentiu paz. Divagou, quase dormiu.
De repente três punhaladas na barriga. A última contínua e
intensa. Um fluxo “grosso” de sangue. Ela olha novamente o céu, as nuvens, os pássaros
e pensa: Lá em cima deve estar um inferno! Frio de doer, vento forte... Pobres
passarinhos que devem estar de asas doloridas numa altura dessa! E que coisa de
retardado ficar olhando nuvem! Esse solão tá fritando meus olhos!
Ela coloca o travesseiro sobre o rosto, respira fundo, se levanta, se veste. Desce as escadas devagar para não agravar as cólicas. O céu era o inferno! Isso era uma convicção.
Ela coloca o travesseiro sobre o rosto, respira fundo, se levanta, se veste. Desce as escadas devagar para não agravar as cólicas. O céu era o inferno! Isso era uma convicção.